O exagero do tamanho do Ritz

Vamos lá, esse não vai ser um post de contos nem de poemas nem de nenhuma criação minha – não há tempo para outras criações quando se está atrasada no NaNoWriMo. Para compensar, a partir deste farei três posts seguidos (um em cada semana, acho) resenhando os três contos do livro O diamante do tamanho do Ritz e outros contos, de Francis Scott Fitzgerald.
Estou lendo Fitzgerald (porque até hoje eu lia o nome dele como Fitzergard?) e outro dia baixei todos os filmes do Hitchcock. Me sinto insuportavelmente cult. em minha defesa, eu queria algo pequeno para ler e achei o livrinho na estante dos meus pais. Agora, à resenha propriamente dita:

Dele, eu só tenho esse livro nas mãos, mas a partir daqui e de uma rápida lida na biografia dele, é fácil notar que vida de rico é o tema da obra de Fitzgerald. Aliás, vida de rico é o tema da vida de Fitzgerald, e O Diamante do tamanho do Ritz não é a exceção. Esse conto é a história do jovem John T. Unger, originário de uma cidadezinha provinciana lá pelas margens do rio Mississipi chamada Hades onde faz calor pra caramba (é, o nome é intencional) que vai estudar no Colégio St. Midas, um colégio de garotos ricos (idem para esse nome daqui). Lá, depois de algumas amizades um tanto quanto parasitas em que John vai e se aproveita da riqueza dos outros rapazes enquanto é infinitamente perguntando sobre o quão quente é Hades, ele conhece uma criaturinha meio distante chamado Percy Washington, e logo eles ficam amigos e John é convidado para passar as férias na casa dos Washington. 
É logo no caminho que o conto começa a tomar ares de filmes trash, e é só ladeira abaixo a partir daí, no melhor sentido de todos, é claro: No trem, Percy se torna comunicativo e conta a John como eles são ricos: o cara coleciona pedras preciosas em vez de selos e diz que a família tem um diamante do tamanho do hotel Ritz. O carro que leva os garotos para os únicos oito quilômetros não topografados dos Estados Unidos tem pedras preciosas nas rodas -e esses são os oito quilômetros não topografados dos Estados Unidos. Um pouco mais tarde na história é contada a história da riqueza dessa família: Descendentes diretos do próprio George Washington, o avô do Percy um dia perseguiu um esquilo montanha acima, e esse esquilo acabou largando no meio do caminho um pedacinho de diamante, que levou o vovô Washington a descobrir que a montanha em que eles estavam era toda feita de diamante – a montanha toda, um diamante só. Ele então fez riqueza e fez de tudo para que não descobrissem o seu segredo, incluindo matar o próprio irmão e construir no topo da montanha uma mansão com a mão de obra de um grupo de escravos alienados que não sabiam que a escravidão tinha acabado – grupo de escravos que se manteve até a época do Percy, a essa altura se comunicando através de um dialeto próprio. Não duvido nada que tenha gente até hoje tentando tirar Fitzgerald da cova para linchar o cadáver dele por causa dos comentários racistas dos personagens desagradáveis do livro. Independente de tais comentários refletirem a opinião do autor ou não. 
Enfim, de volta às loucuras do conto: e aí que quando chega na residência dos Washintgon John vive a paródia dos sonhos de consumo de todos os megalomaníacos do mundo, cercado de um luxo impossível e num estado quase torpe, sendo praticamente carregado da cama para a banheira e comendo em pratos de diamantes trabalhados com esmeraldas. Se você acha que tudo já está louco o suficiente, pegue o conto e leia até o final. O encerramento é, no mínimo, drogado. 
E todo esse exagero combinado um tipo de gente que nem é tão distante de realidade assim é genial. Fecho a resenha com a propaganda: Leiam!

E aproveitem e leiam também o conto da próxima resenha: Bernice corta o cabelo. Depois, acho que farei um post com um apanhado geral dos três contos, mesmo me sentindo uma péssima resenhista. Resenhista é uma palavra que existe, por acaso?

E se ainda tem algum leitor que não desistiu de minha vida, vale dizer que estou no meio das aulas teóricas da auto escola. Que coisa mais mórbida que é a auto escola, hein? Compreendo que isso deve ser parte de uma medida desesperada de conscientizar as pessoas a não fazerem calamidades no trânsito, mas não tem uma maneira de fazer isso sem mostrar tanta tripa humana não? Quando não é vídeo, é foto. Quando não é mídia, é contação de caso que aconteceu-com-um-conhecido-meu. E quando não é mórbido, é chato. Ai de mim se não fosse o NanoWrimo!

Rápida atualização

Para quem ainda não me ouviu reclamar para saber, o prédio ao lado do meu está em reforma. Todo dia de semana desde semana passada então eu sou tirada da cama às 8h da manhã e tenho que fugir de casa feito retirante a menos que queira ser torturada o dia inteiro com o barulho de reforma, algo que me irrita irracionalmente. O lado ruim é que estou sendo arrancada do lar, é claro, mas o lado bom, pois dessa vez estou sendo otimista e vendo um lado bom, é que isso está me ajudando horrores a escrever minha história do Nanowrimo!

Na verdade, essa participação está sendo bastante informal – eu nem piso no fórum deles e estou escrevendo num caderno, já que digitando eu não sei o que é produção. Estimo que já devo ter escrito 3,200 palavras – o que é um fracasso se você considerar que hoje no Facebook os coordenadores do Nanowrimo anunciaram que a meta do dia é 10,000. Mas eu tenho fé e um prédio em obras ao meu lado!

Hoje eu passei o dia num café com ar condicionado que tem perto de casa. Tentei me instalar na Subway, mas lá era cheio de mosquitos, então fui pra esse café. Passei 3 ou 4 horas lá e só consumi um suco de laranja de qualidade mediana! Pensei que seria posta para fora ou obrigada a pagar uma taxa de aluguel de cadeira, mas esse café vive tão vazio que acabou que saí de lá sabendo da vida da garçonete. A ironia é que ela era uma aspirante a estudante de engenharia civil e que “desde pequena” era “apaixonada por construções”!! Quase perguntei a ela se por acaso ela já passou mais de duas horas perto de uma pra testar esse amor, mas achei melhor não. Depois achei que devia ter perguntado mesmo porque depois da cara de ânimo sugado que ela me fez quando eu disse que fazia Letras ela merecia mesmo, mas a gentileza me calou!

De qualquer forma, foi uma experiência interessante -comum, na verdade, mas eu nunca fui boa em puxar conversa com garçons e taxistas e pessoas do meu lado no ônibus, então pra mim foi uma experiência inusitada!

Obs: um velho se achou no direito de me chamar de “coisa linda” na rua hoje. Eu, agora praticante da modalidade “Seja grosseira com imbecis na rua” meti meu dedo do meio na fuça dele (figurativamente falando é claro) e ele ainda ficou espantado e achou ruim! Na hora se converteu de “velho filho da puta descarado” à “velho ditador de bons modos”, mas eu sou diva demais pra ficar ouvindo uma coisa dessas e dei as costas pra ele e segui andando mesmo. Mas tive tempo de ouvir alguém rindo da cara do velho, e pelo visto ele não gostou disso também. Há!

(???)