Eu gostaria de informar a todos que eu tentei, e tentei com todas as minhas forças, mas fracassei. Tenho todo um universo em minha mente e não encontrei nada pra dizer. Na verdade, eu não quero exatamente dizer alguma coisa – estou tão mal que até ando me expressando mal. Eu só quero fazer alguma coisa, colocar algo na existência que sirva de marco, uma prova de que o tempo ainda se move e que eu estou me movendo com ele.
Quis criar uma história de uma mulher que trocou o grande amor de sua existência por algo melhor e maior – uma vida, mas ela deu um passo e congelou, e já estou com bastante frio para ficar segurando coisas congeladas.
Então, eu quis fazer um poema. Mas em algum dia que minha memória já afundou e repuxou vezes de mais para poder me dizer exatamente quando, me disseram que poemas são a petrificação de um momento, que o poeta aprisiona uma emoção pela imortalidade. E eu já decidi que não quero nada estático, obrigado.
Existe uma janela, porém. Mas ela ainda não tem parede nem cortina, e a construção de tudo isso é uma história que ainda vai demorar, e eu quero me mover logo. melhor dizendo, eu quero provar que me movi logo. Agora.
Talvez, e eu penso isso depois de quatro parágrafos de reflexão, a verdade seja que eu no fundo quero dizer alguma coisa, mas nada do que já andei criando tem o formato certo para cobrir a sinceridade. O que eu quero dizer com isso? Para exemplificar bem o meu ponto, eu não deveria nem explicar, mas lá vou eu:
É que sinceridade direta me incomoda. Mostrar a verdade já é duro o suficiente sem que eu tenho que ser obrigada à tirá-la de onde ela veio na frente de todos – ela se prende pra não sair e acaba vindo incompleta. Por isso eu aprendi a cobrí-la com uma história, e assim ela se solta mais. A verdade se mostra mais quando está coberta, é isso.
Oh, quem é que eu estou enganando? É claro que tudo isso é apenas outra história!
A verdade mesmo é que eu não tenho nada dentro de mim neste momento que consiga colocar algo para se mover.